Sem noticias

   Por: Azura 





Ele era incrível, tinha habilidade de fazê-la rir, e se sentir especial quando estavam juntos. Gostava do cabelo dela, dizia que sua pele era legal, sabia como a provocar, e toda vez que iam dormir, reclamava que ela roubava a coberta. Brigava quando ela não se aceitava e se chamava de gorda, a fazia se sentir a menina mais próxima da perfeição.
  Dançavam no meio da rua, brincavam de pega-pega dentro de casa. Ele era incansável, corria mais rápido que um cachorro, contava piadinhas de improviso que a faziam rir, era um péssimo chavequeiro. De cada três frases, em duas deixavam explicito o apego que tinham um pelo outro. Irritava-se com coisas bobas, era marrento e impossível, mas ela gostava.
 Faziam planos para o futuro.  Uma casa grande, um carro bonito e uma bicicleta colorida. Ela não gostava de gatos, então teriam um cão. É eles sonhavam em se casar.
  Mas então tudo foi diferente. Acabaram as danças no meio da rua, o pega-pega, os sorrisos, a briga pela coberta, as piadinhas sem graça e as cantadas horríveis. Tudo acabou.
  Porque tudo acabou? Não sei. As coisas simplesmente acabam. Do mesmo modo que começou, terminou. O que era para sempre, não foi.
   Já faz quase um mês em que eles não se falam, o amor era tanto que hoje nem se ligam, nem trocam sms. Ela não mantém contato por que dói lembrar.
   Na ultima vez que o vira ela sabia que iria ser a ultima vez dos dois um casal, então guardou o ultimo sorriso, o ultimo suspiro e o ultimo beijo.
  E foi a ultima vez dos dois. A tempo não se falam, mas mesmo assim as pessoas pedem:
- E o fulano?
  Ela simplesmente sorri com a ironia de dias atrás saber o que ele tinha comido de café da manhã e hoje nem saber se ele tomou café.
 -Não sei, estou sem noticias!

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